As teorias que relacionam raça e inteligência se baseiam num pressuposto: a inteligência pode ser medida em pontos. Mas o próprio conceito de QI é questionado. O psicólogo americano Howard Gardner desenvolveu, a partir da década de 1980, a teoria das inteligências múltiplas. Seriam oito os tipos de inteligência: lógico-matemática, lingüstica, espacial, musical, físico-cinestésica, intrapessoal, interpessoal e natural. Eles seriam ativados dependendo dos valores de cada cultura, oportunidades disponíveis e decisões pessoais-nunca pela cor da pele.
Na obra The Mismeasure of Man (A Falsa Medida do Homem), de 1981, o paleontólogo Stephen Jay Gould mostra como, desde o século 19, teorias sobre a hierarquização das raças humanas serviram de suporte para teses discriminatórias. Um exemplo: trabalhos do psicólogo britânico sir Francis Galton (1822-1911) afirmam que "negros estão dois degraus abaixo dos anglo-saxões em inteligência". A teoria serviu de justificativa para o excravismo americano. Inspirados nos movimentos eugênicos (que estudam as condições de aprimoramento genético), os nazistas mataram 200 mil deficientes físicos e mentais e esterilizaram outros 400 mil nas décadas de 1930 e 1940.
Há 12 milhões de judeus no mundo. Mesmo assim, eles ganharam 25% dos Prêmios Nobel. Há genética nessa relação? Não, segundo o jornalista Gilberto Dimenstein, membro do conselho editorial da Folha (e judeu). "O que existe entre judeus é uma reverência obsessiva pelo conhecimento, que vem de gerações".
Com a palavra o biólogo americano Craig Venter, um dos decodificadores do genoma humano: "A cor da pele como sinônimo de raça é um conceito social, e não científico. Não há base no código genético humano de que a cor da pele pode ser predicativo de inteligência", disse ao jornal The Times.
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