domingo, 23 de maio de 2010

A viagem de Tales de Mileto pelo Nilo

_Após alguns dias de viagem interrompida por numerosas escalas nas cidades à margem do rio, ele a avistou. Erguida no meio de largo platõ, não longe da beira do rio, a pirãmide de Quéops! Tales nunca tinha visto nada tão importante. Duas outras pirâmides, a de Quéfren e a de Miquerinos, se elevavam no platô; ao lado daquela, pareciam pequenas, e olhem que... Durante toda a viagem pelo Nilo os viajantes bem que o tinham avisado. As dimensões do monumento superavam tudo o que ele havia imaginado. Tales desembarcou da falua. À medida que se aproximava, seu andar foi ficando mais lento como se o monumento por sua simples massa conseguisse moderar sua marcha. Sentou-se, vencido. Um felá de idade definida acocorou-se ao
seu lado. " Sabes, estrangeiro, quantos sem dúvida. " "Diz: dezenas de milhares." "Dezenas de milhares!" "Diz; centenas de milhares. " "Centenas de milhares!" Tales fitou-o incrédulo. "Talvez mais", acrescentou o felá. "Por que tantos mortos? Para abrir um canal? Represar um rio? Fazer uma ponte?Construir uma estrada? Erguer um palácio? Erigir um templo em homenagem aos deuses? Cavar uma mina? Não consegues adivinhar. Esta pirâmide foi erguida pelo faraó Quéops com o único objetivo de obrigar os humanos a se persuadir da prórpria pequenez A construção devia superar todas as normas para nos oprimir: quanto mais gigantesca ela fosse, mais ínfimos nós seríamos. O objetivo foi alcançado. Eu te vi chegar e, em teu rosco, vi se desenharem os efeitos dessa imensidão. O faráo e seus arquitetos quiseram nos forçar a admitir que esta pirâmide e nós não somos mensuráveis pela medida!" Tales já tinha ouvido uma especulação assim sobre a intenção do faraó Quéops, mas nunca tão descaradamente, tão precisamente enunciada. "Não somos mensuráveis pela mesma medida!" Aquele monumentovoluntariamente desmedido o desafiava. Depois de 2 mil anos, a construção, embora erguida pela mão humana, estava além do conhecimneto dos homens. Quaisquer que tenham sido os objetivos do faraó, uma coisa era certa: a altura da pirâmida era impossível de ser medida. Era a construção mais visível do munjdo habitado e a única que não podia ser medida. Tales resolveu enfrentar o desafio. A noite toda o felá falou. O que ele contou a Tales ninguém nunca soube. Quando o sol clareou o horizonte, Tales se levantou. Viu sua sombra se estender na direção oeste; pensou que, qualquer coisa que fosse a peque3nez de um objeto, sempres existe uma luz que o torna grande. Ficou um bom tempo se pé, imóvel, os olhos fixos na mancha escura que seu corpo fazia no chão. Viu-a diminuir à medida que o sol subia no céu. "Como minha mão não pode efetuar a medição, meu pensamento vai fazê-lo", prometeu-se. TAles observou longamente a pirâmide; precisava encontrar um aliado "à medida" do seu adversário. Lentamente, seu olhar foi de seu corpo à sua sombra, de sua sombra a seu corpo, depois voltou-se para a pirâmide. Enfim ergueu os olhos, o sol laçava seus raios terríveis. Tales acabava de encontrar seu aliado! Seja o Hélio dos gregos ou o deus Rá dos egípcio, o sol não faz nenhuma distinção entre as coisas do mundo, trata todas do mesmo jeito. É o que mais tarde, na Grécia, concerindo aos omens entre si, se chamará democracia. Tratando de modo semelhante o homem menúsculo e a gigantesca pirâmide, o sol estabelece a possibilidade da medida comun. Disso deduziu o seguinte: no instante em que minha sombra for igual à minha estatura, a sombra da pirâmida será igual à sua altura! Aí esta a idéia procurada. Agora tinha que executá-la. Tão não podia efetuar soainho a operção,. Precisavam ser dois. O felá topo ajudá-lo. Talvez tenha sido assim mesmo que a coisa aconteceu.
No dia seguinte, desde o nascer do sol, o felá se dirigiu para o monumneto e sentou-se à imensa sombra da pirâmida. Tales traçou na areia uma circunferência de raio igual a sua altura, postou-se no centro e ficou de pé bem reto. Depois fixou com os olhos a ponta da sua sombra. Quando esta tocou a circunferência, isto é, deu o grito combinado. O felá, que esta à epera, fincou imediatamente uma estaca no lugar atinhgido pela extremidade da sombra da pirâmide. Tales correu para a estaca. Juntos, sem tocar uma palavra, com a ajuda de uma corda bem estica, mediram a distância que separa a estaca da base. Quando calcularam o comprimento da sombra conheceram a altura da pirâmide! TAles pulou na falua. Na margem, o felá. Tales estava contente de si, Com a ajuda do felá, ele havia inventado uma artimanha. A vertical é incessível? Posso obtê-la pela horizontal. Não posso medir a altura porque ela se perde no céu? Medirei sua sombra aplanado no chão. Com o "pequeno"medir o "grande". Com o "acessível" medir o "inacessível". Com o "próximo " medir o "distante".m
-A matemática é ou não é uma artimanha do espírito?
Extraído do livro: O TEOREMA O PAPAGAIO
autor: DENIS GREGY

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